No início do isolamento social compulsório foi registrada uma abrupta queda nas vendas de imóveis. No entanto, passado o solavanco, a rápida e surpreendente absorção da nova realidade reacendeu o mercado. O índice FipeZap informa crescimento nas vendas de 0,18% em março, 0,20% em abril e 0,23% em maio.
Os fatores econômicos têm contribuído. A SELIC, a 2,25%, o menor índice desde sua instituição, tem derrubado as taxas bancárias. Recentemente, o Banco Santander, que praticava juros imobiliários de 7,3% ao ano, anunciou rebaixa para 6,99%, com seis meses de carência. A Caixa Econômica Federal que já pratica crédito de até 30 anos com prestações fixas, anunciou novas medidas neste último dia 2 de julho que irão ampliar e agilizar o financiamento e a produção de novos empreendimentos imobiliários.
Segundo o banco, entre janeiro e junho, houve um aumento de 22% de liberação de crédito, cujo volume subiu de R$ 39,6 bilhões para R$ 48,2 bilhões, para 873 mil famílias (somente em junho foram R$ 11,1 bilhões, beneficiando 55 mil famílias). No mesmo período, foram firmados 26 mil novos contratos com carência de seis meses para pagamento da primeira prestação.
Atualmente no país, existem cerca de 2,4 milhões de contratos de crédito habitacional pausados no pagamento dos financiamentos. Esses contratos em andamento na Caixa financiam 5.603 empreendimentos em obras, totalizando 745 mil unidades habitacionais em construção. Hoje, apenas 0,7% estão paralisadas em função da crise ocasionada pela Covid-19, contra 0,3% em abril e 1,7% em maio.
Somente o volume de empréstimos no programa Minha Casa, Minha Vida subiu de R$ 4,8 bilhões em abril para R$ 5,5 bilhões em maio e R$ 6,4 bilhões em junho. No semestre totalizaram R$ 29 bilhões, financiando 6.172 mil unidades habitacionais. Já os créditos da Caixa com recursos da Poupança somaram R$ 14 bilhões de janeiro a maio, e em junho foram acrescidos de mais R$ 4,7 bilhões, o maior resultado mensal dos últimos quatro anos, segundo a instituição.
Famílias passam a dispor de mais recursos
Entre as novas mudanças da Caixa para impulsionar o mercado imobiliário, é que agora, as pessoas físicas que contratarem um crédito habitacional poderão incluir o financiamento das custas e do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). A medida é aplicável a todas as operações residenciais com recursos do FGTS e, nas operações com recursos do SBPE, para imóveis com valor de avaliação de até R$ 1,5 milhão. Com isso, as famílias passam a dispor de mais recursos para as despesas iniciais no novo imóvel, como compra de mobília e eletrodomésticos.
Também haverá uma flexibilização da comercialização mínima, de 30% para 15%, em novos empreendimentos, estimulando novos lançamentos (tanto para contratos de financiamento com recursos do FGTS, como do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
O Banco também abre possibilidade de realizar a contratação da produção de empreendimentos sem a exigência de execução prévia de obras e de destinação dos recursos provenientes das vendas das unidades habitacionais para pagamento dos encargos mensais (para contratos com recursos do FGTS e SBPE).
Registro de escrituras eletrônico
Além disso, a partir de 13 de julho, o registro de escrituras de contratos de crédito habitacional da Caixa, para unidades em empreendimentos habitacionais, será realizado de forma eletrônica, com troca de arquivos de dados estruturados entre o banco e o respectivo Cartório de Registro de Imóveis.
A medida permitirá acelerar o registro das operações, que antes levava em torno de 45 dias e agora poderá ser finalizado, em média, em cinco dias. Além de dispensar a necessidade de recebimento do contrato físico pelo cartório, o registro eletrônico traz benefícios para as construtoras e clientes que não precisam realizar o deslocamento. A expectativa da Caixa com as novas medidas é contratar 1.280 novos empreendimentos, o que representa 156 mil novas moradias e 485 mil empregos diretos e indiretos.
Segundo o presidente do Sistema COFECI-CRECI, João Teodoro, as palavras de ordem são adaptação e tecnologia. “As vendas remotas vieram para ficar. E o home office também. A prática mostrou que eles podem ser até mais eficientes e baratos do que o trabalho presencial. Isso implica renovação não apenas na forma de negociar, mas também na de viver”, afirma.